domingo, 28 de abril de 2013

O ensino da matemática sob o olhar dos estudiosos: Constance Kamii e Malba Tahan.


Malba Tahan
1895 - 1974


Malba Tahan, é heterônimo do professor, escritor e matemático brasileiro Júlio César de Mello e Souza, muito conhecido no Brasil e no exterior por seus livros de recreação matemática, fábulas e lendas passadas no Oriente. Júlio César, como professor de matemática, destacou-se por ser um acerbo crítico das estruturas ultrapassadas de ensino. Com concepções muito à frente de seu tempo, somente nos dias de hoje Júlio César começa a ter o reconhecimento de sua importância como educador. Em 2004 foi fundado em Queluz, terra em que o escritor passou sua infância, o Instituto Malba Tahan, com o objetivo de fomentar, resgatar e preservar a memória e o legado de Júlio César.



Constance Kazuko Kamii

Constance Kazuko Kamii, é uma psicóloga nipo-americana. Em 1955, nos Estados Unidos, bacharelou-se em Sociologia. Mestra em Educação e doutora em Educação e Psicologia, pela Universidade de Michigan, EUA. Kamii foi aluna e colaboradora de Jean Piaget, tendo feito diversos cursos de Pós-Doutorado relacionados com a epistemologia genética, e com outras áreas educacionais pertinentes tanto à teoria piagetiana como de outros pesquisadores. 

 
O ENSINO DA MATEMÁTICA SOB O OLHAR DOS ESTUDIOSOS: CONSTANCE KAMII E MALBA TAHAN.

 
Por meio da leitura das obras: "A criança e os números" (2000), de Constance Kamii, e "O homem que calculava" (2001), de Malba Tahan, foi possível percebermos que ambos os autores defendem o processo ensino/aprendizagem da disciplina de matemática, por meio de situações permeadas de questões práticas e atualizadas. 

Kamii denuncia-nos com propriedade em sua obra, que a maneira de "ensinar" matemática, difere de algumas interpretações equivocadas do trabalho de Jean Piaget (1896-1890), as quais supostamente indicariam que desenvolver e exercitar os aspectos lógicos dos números com atividades pré numéricas (seriação, classificação e correspondência termo a termo). Trata-se de uma aplicação equivocada, uma vez que a apropriação conceitual do calculo matemático, não condiz apenas com a memorização de algarismos, mas com a construção e ressignificação que faz o individuo a respeito desses. Diante disso, o professor deve ter claro que o conceito de número não pode ser ensinado (no sentido de transmissão do conhecimento), mas sim construído pela própria criança, desta maneira deve propiciar o contato com materiais concretos, incentivando-as a pensar sobre os números, respeitando o estágio e tempo de aprendizagem de cada um. A interação com os colegas e professor, faz toda a diferença, acertando ou errando vão desenvolvendo sua autonomia intelectual.

Em sua obra, Kamii discorre-nos ainda sobre a interação da criança com o número, sua autonomia e como trabalhar essas informações de forma positiva na educação.

A autora explicita-nos as teorias de Jean Piaget, por meio de três níveis de conhecimento.



  • O conhecimento físico - Diretamente relacionado ao mundo concreto, trata-se de um conhecimento exterior dos objetos. Por meio da observação, as relações (diferenças x semelhanças), são construídas mentalmente pelas crianças quando relacionam dois objetos.
  • O conhecimento lógico-matemático: De origem intrínseca ao individuo; coordena as relações, onde a criança consegue perceber que há mais elementos em um todo, do que nas partes, desta maneira, desenvolvem-se na criança habilidades mentais como: Noções de igualdade, comparação, quantidade e classificação. Culmina no desenvolvimento e progresso do raciocínio que resulta na construção individual da noção de número.
  • O conhecimento social: São as reuniões das experiências construídas pelos indivíduos,  é cultural, sua natureza é resultante só da vontade; este conhecimento necessita de uma estrutura lógico-matemático, para organização e assimilação.
Segundo a autora, Piaget considera que a matemática é o resultado do processo mental da criança em relação ao seu cotidiano, e ela pode compreender o que nos cerca, construindo as habilidades de arranjar, ordenar, incluir, classificar e assim progressivamente conhecer a sequência numérica.

O matemático Malba Tahan, por meio de sua obra "O homem que calculava" (2001), apresenta-nos a matemática recreativa, cuja principal característica é a perda da frieza da matemática doutoral presente nos currículos escolares.

Em sua obra o autor constata a especificidade da lógica, dos cálculos, das operações matemáticas para as mais diferentes pessoas: Do mais simples mercador, a reis, teólogos, cientistas, historiadores, poetas etc. Com isso o autor remete a matemática às proporções criativas e finalidades ampliadas, induz a crença de que a matemática está no poder do raciocínio e que este é pertinente a qualquer individuo.

Enfim, por meio destas leituras, foi possível concluirmos que para que se alcance o êxito no processo ensino/aprendizagem, da mediação da construção dos saberes referente à disciplina de matemática, este deve estar permeado de situações que estimulam as crianças a construir suas hipóteses e conceitos lógico-matemático. Nesta mediação o professor deve respeitar o tempo de aprendizagem de cada um e possibilitar situações que contribuam, para uma aprendizagem significativa.


Referências

KAMII, Constance. A criança e o número. Campinas: Editora Papirus, 2000.

TAHAN, Malba. O homem que calculava. Rio de Janeiro: Editora Record. 2001.
















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